sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dar de si mesmo

Laurinha, embora contasse apenas com oito anos de idade, tinha um coração generoso e muito desejoso de ajudar as pessoas.
Certo dia, na aula de Evangelização Infantil que frequentava, ouvira a professora, explicando a mensagem de Jesus, falar da importância de se fazer a caridade, e Laurnha pôs-se a pensar no que ela, ainda tão pequena, poderia fazer de bom para alguém.
Pensou... pensou... e resolveu:
- Já sei! Vou dar dinheiro a algum necessitado!
Satisfeita com sua decisão, procurou entre as coisas de sua mãe e achou uma linda moeda.
Vendo Laurinha com dinheiro na mão e encaminhando-se para a porta da rua, a mãe quis saber onde ela ia.
Contente por estar tentando fazer uma boa ação, a menina respondeu:
- Vou dar esse dinheiro a um mendigo!
A mãezinha, contudo, considerou:
- Minha filha, esta moeda é minha e você não pode dá-la a ninguém porque não lhe pertence.
Sem graça, a gorotinha devolveu a moeda à mãe e foi para a sala, pensando...
-Bem, se não posso dar dinheiro, o que poderei dar?
Meditando, olhou distraída para a estante de livros e uma ideia surgiu:
-Já sei! A professora sempre diz que o livro é um tesouro e que traz muitos benefícios para quem o lê.
Eufórica por ter decidido, apanhou na estante um livro que lhe pareceu interessante, e já ia saindo da sala quando o pai, que lia o jornal acomodado na poltrona preferida, a interrogou:
- O que você vai fazer com esse livro, minha filha?
Laurinha estufou o peito e informou:
- Vou dá-lo a alguém!
Com serenidade, o pai tomou o livro da filha, afirmando:
-Este livro não é seu Laurinha. É meu, e você não pode dá-lo a ninguém.
Tremendamente desapontada, Laurinha resolveu dar uma volta. Estava triste, suas tentativas para fazer a caridade não tinham tido bom êxito e, caminhando pela rua, continha as lágrimas que teimavam em cair.
-Não é justo!- resmungava- Quero fazer o bem e meus pais não deixam!
Nisso, ela viu uma coleguinha da escola sentada num banco da pracinha. A menina parecia tão triste e desaminada que Laurinha esqueceu o problema que a afligia.
Aproximando-se, perguntou gentil:
- O que você tem raquel?
A outra, levantando a cabeça e vendo Laurinha a seu lado, desabafou:
- Estou chateada Laurinha, porque minhas notas estão péssimas. Não consigo aprender a fazer contas de dividir, não sei tabuada e tenho ido muito mal nas provas de matemática. Desse jeito, vou perder o ano. Já não bastam as dificuldades que temos em casa, agora meus pais vão ficar preocupados comigo também.
Laurinha respirou, aliviada:
- Ah! Bom, se for por isso, não precisa ficar triste. Quanto aos outros problemas, não sei. Mas, em relação à matemática, felizmente, não tenho dificuldades e posso ajudá-la. Vamos até sua casa e tentarei ensinar a você o que sei.
Mais animada, Raquel conduziu Laurinha até sua casa, situada num bairro distante e pobre. Ficaram a tarde toda estudando.
Quando terminaram, satisfeita, Raquel não sabia como agradcer à amiga.
-Laurinha, aprendi direitinho o que você ensinou. Não imagina como foi bom tê-la encontrado naquela hora e o bem que você me fez hoje. Confesso que não tinha grande simpatia por você. Achava-a orgulhosa, metida, e vejo que você não é nada disso. É muito legal e uma grande amiga. Valeu.
Sentindo grande sensação de bem-estar, Laurinha compreendeu a alegria de fazer o bem. Quando menos esperava, sem dar nada material, percebia que realmente ajudara alguém.
Despediram-se, prometendo-se mutuamente continuarem a estudar juntas.
Retornando para casa, Laurinha contou à mãe o que fizera, comentando:
- A casa de Raquel é muito pobre, mamãe, acho que estão necessitando de ajuda. Gostaria de poder fazer alguma coisa por ela. Posso dar-lhe algumas roupas que não me servem mais? - Perguntou, algo temerosa, lembrando-se das "broncas" que levara algumas horas antes.
A senhora abraçou a filha , satisfeita:
- Estou muito orgulhosa de você, Laurinha. Agiu verdadeiramente como cristã, ensinando o que sabia. Quanto às roupas, são "suas" e poderá fazer com elas o que achar melhor.
Laurinha arregalou os olhos, sorrindo feliz e, afinal compreendendo o sentido da caridade.
- É verdade mamãe. São minhas! Amanhã mesmo levarei para Raquel. E também alguns sapatos, um par de tênis e uns livros de histórias que já li.


->Do livro "O Menino Ambicioso, O Servo Insatisfeito e Outras Histórias".- Célia Xavier Camargo

2 comentários:

  1. Oi Camila,

    Que lindo texto. Parabéns pela iniciativa de começar um blog espírita, com certeza não vão faltar textos interesantes e esclarecedores para vc postar e algum deles ajudará alguém, conte comigo para o que precisar! Coloquei o link na lista de blogs espíritas lá no Espírita na Net e tb estou te seguindo, tá?

    Abraços fraternos e tudo de bom!

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  2. Muito obrigada Adriana!!
    Tomara que meu blog ajude tantas pesoas quanto o seu!
    Bjos

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