domingo, 20 de junho de 2010

Correções

" Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; pois que filho há a quem o pai não corrija?"
-Paulo (Hebreus, 12:7)

Bem -aventurado o espírito que compreende a correção do Senhor e aceita-a sem relutar.
Raras, todavia, são as criaturas que conseguem entendê-la e suportá-la.
Por vezes, a repreensão generosa do Alto - símbolo de desvelado amor - atinge o campo do homem, traduzindo advertência sagrada e silenciosa, mas, na maioria das ocasiões, a mente encarnada repele o aguilhão salvador,  mergulha dentro da noite da rebeldia, elimina possibilidades preciosas e qualifica o infortúnio insuportável a influência renovadora, destinada a clarear o escuro e triste caminho.
Muita gente, em face do fenómeno regenerativo, apela para a fuga espetacular da situação difícil e entrega-se, inerte, ao suícidio lento, abandonando-se à indiferença integral pelo próprio destino.
Quem assim procede não pode ser tratado por filho, porquanto isolou a si mesmo, afastou-se da Providência Divina e ergueu compactas paredes de sombra entre o próprio coração e as bênçãos Paternas.
Aqueles que compreendem as correções do Todo-Misericordioso, reajustam-se em círculo de vida nova e promissora.
Vencida a tempestade íntima, revalorizam as oportunidades de aprender, servir e construir, e, fundamentados nas amargas experiências de ontem, aplicam as graças da vida superior, com vistas ao amanhã.
Não te esqueças de que o mal não pode oferecer retificações a ninguém. Quando a correção do Senhor alcançar-te o caminho, aceita-a, humildemente, convicto d que constitui verdadeira mensagem do Céu.

Emmanuel

Do livro 'Pão Nosso' - Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Livro Espírita

Ao nos depararmos com os variados assuntos e possíveis estudos que são desenvolvidos nas Casas Espíritas, nos lembramos das fontes das quais são retirados tais assuntos: os livros, particularmente, o livro espírita.
"Reunião de folhas enfeixadas e montadas em capa". Assim é definido o livro de forma simples. Mas, o livro espírita é muito mais que um simples escrito. O livro espírita é uma semente que deve ser plantada, porque ele sim garante a colheita farta.
O livro espírita abre caminhos, liberta, consola, ensina, enfim, nos faz parar e refletir sobre o mais simples acontecimento corriqueiro, levando-nos a verdadeira compreensão e possível modificação.
Há 143 anos* recebemos a primeira Obra Espírita, denominada O Livro dos Espíritos, codificada pelo prof. Rivail - Allan Kardec - o verdadeiro estudioso da Doutrina Espírita. Após esta, viriam mais quatro obras: O livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e a Gênese, e que comporiam o que chamamos de Obras Básicas, ou seja, tudo o que se ouvir falar sobre a Doutrina Espírita deve constar nessas obras, pois são a base desta Doutrina libertadora. Kardec, através de seus estudos, procurou compilar todas as informações nestas cinco obras, de forma clara e inteligível, ou seja, de fácil compreensão.
Mas, logo após o surgimento das Obras Básicas, da Revista Espírita(...), surgiram escritores que se empenharam no trabalho, dedicando-se à Literatura Espírita, em busca de esclarecer ainda mais os ensinos trazidos por essas Obras.
Muitos são os colaboradores que estão à frente desta tarefa em relação à divulgação do espiritismo, mas é necessário que saibamos analisar cada obra que chega às nossas mãos como obra espírita...
A leitura, o estudo, a pesquisa das obras de Kardec são absolutamente indispensáveis, sem os quais não se pode conhecer o Espiritismo.
A dedicação à Leitura deve ser a mesma em relação às Obras Assistenciais desenvolvidas na Casa Espírita, pois a disposição para lê-las deve ser encarada como uma tarefa de natureza urgente e inadiável.
É conhecendo a Doutrina Espírita a fundo, através das Obras Básicas, que teremos condições de discernir o que realmente são obras espíritas.
E isso ainda é mais sério quando divulgamos obras sem conhecê-las a pessoas leigas, que não conhecem e nem sabem o que é o Espiritismo. É preciso que nos coloquemos como divulgadores e compromissados com a Doutrina Espírita e não confundamos nossas opiniões com o que os livros realmente dizem. Assumindo papéis de trabalhador e colaborador da Doutrina é necessário que nos sintamos com esta responsabilidade, agindo de forma correta, sempre pensando na propagação séria das obras que foram preparadas para nos libertar e fazer com que cresçamos...
O livro espírita deve ter em seu conteúdo os princípios básicos da Doutrina e uma lógica no encandeamento do assunto. É imprescindível o cuidado quando houver contradições, polêmicas, assuntos excessivamente explorados, a ponto de não acrescentarem nada e até mesmo tornarem-se entediosos.
Os livros, de um modo geral, devem trazer algo de bom, um objetivo, uma proposta.
Diante disso, observemos atentamente as obras que chegam à Casa Espírita, buscando sempre a pureza doutrinária, para que o Espiritismo possa ser cada vez mais difundido, esclarecendo e consolando a todos nós... Pense nisso!

->Jornal Verdade e Luz - N° 177 de Outubro de 2000
(*) O Livro dos Espíritos foi publicado em 18 d Abril de 1857, portanto, há 153 anos. No texto, o autor fala que foi a 143 anos porque o artigo foi escrito no ano 2000.
->Jornal A Caridade

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fragilidade Espiritual

"E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me."

"E, quando estavam assentados" - Serenos, apoiados na confiança decorrente da presença do Divino Mestre. Certas revelações só serão assimiladas quando a pessoa, estando tranquila, pode ouvir, pensar, refletir.
Para nos alimentar, seja física ou espiritualmente, necessitamos estar receptivos, firmes, mantendo-nos predispostos relativamente ao que nos vai ser oferecido à mesa.
Quando empenhados em aprender torna-se imperiosa a harmonia interior, sugerida mais uma vez pela expressão 'assentados'.
Tal atitude não somente favorece a compreensão dos assuntos veiculados, quanto garante sua metabolização, para o atendimento das atividades que nos sejam cometidas.

"A Comer" - Há o alimento físico, material, e o espiritual, representado pelo conteúdo informativo, pela solidariedade, pela confiança do próximo,, pelo calor da amizade. O alimento, por excelência, é o Amor, que se materializa na execução da obra de Deus.

"Disse Jesus: Em verdade vos digo" - Sem dúvida, a palavra de Jesus é a 'verdade'. Usando, porém, a expressão 'em verdade', a Sua comunicação ganha força e maior autoridade pela limpidez e profundidade de que se emoldura.
Na apropriação mais nítida do ensinamento, emergem os padrões de autenticidade daquele que se identifica com Jesus. No novo patamar da escalada não cabe o direcionamento para os terrenos degradantes da inverdade. A mentira, para quem já identificou a verdade, será sempre manifestação infeliz, sustentada no egoísmo e no interesse pessoal, logo, de duração transitória.
Nada obstante a fragilidade de que ainda somos portadores, a insinuar deslizes no encaminhamento dos contatos sociais e familiares, o cristão deve manter-se, a cada instante, vigilante, a fim de que os padrões gerenciadores do Evangelho, dentro de nós, não sejam enodoados pelas vibrações que possam distorcer as verdadeiras propostas de crescimento para Deus, fundamento da verdade que sustenta o próprio Universo.


"Que um de vós" - Atitude incisiva como esta tomada por Jesus é normal, quando se trata de criatura muito próxima, já identificada com os propósitos que alimentamos. É a confiança e a estreita convivência que fornecem esta possibilidade de percepção dos propósitos mais secretos. É a mesma autoridade e austeridade que Jesus adotou naquela ocasião que devemos utilizar quanto aos valores que se movimentam no plano interior, a colocarem em risco a nossa segurança.


"Que comigo come, há de trair-me." - A sabedoria de Jesus já determinara, naquela ocasião, aquele que, sentado à mesa, já manipulara, por sua invigilância, os detalhes da traição. Se, no conceito geral, Judas é o traidor, dada a compreensão do Mestre, a sua atitude não passava de uma fraqueza a que todos nós estamos sujeitos.
Examinando o fato, hoje, não nos é difícil concluir que o conhecimento e a progressiva identificação com as faixas de realização espiritual nos facultam, também, localizar os pontos frágeis de nossa personalidade, sobre os quais precisamos agir com cautela, a fim de que não venhamos, ainda que pressionados pelos golpes da dor, a cair nas tramas da inferioridade.
Quando fraquejamos na vigilância, deixando algo pelo meio, abandonando um objetivo nobre, adotando o menor esforço, apelando para recursos exclusivamente exteriores, curvando-nos ao assédio de nossa tendência acomodatícia, sucumbindo-nos nas teias da inveja ou da vaidade, do orgulho ou do egoísmo, estaremos traindo a esperança, a confiança dos companheiros, encarnados e desencarnados, com os quais nos comprometemos.

( Capítulo 136 do livro 'Luz Imperecível'- Honório Abreu )
Texto tirado do jornal A Caridade, da Congregação Espírita Francisco de Paula