segunda-feira, 31 de maio de 2010

O Poder da Gentileza

Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro singelo, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.
- Mas, doutor, não dispomos de recursos... - considerou o benfeitor dos meninos desprotegidos.
- Que fazer?
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
O prefeito reparou-lhe demoradamente a figura humilde, fez um riso escaninho e acrescentou:
- O senhor não pode intervir na administração.
O professor, muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando...
Domingo, muito cedo, saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.
Lá comentando, na oração silenciosa:
- Meu Deus, como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
O movimento era enorme.
Muitas compras. Muita gente.
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:
- Meu velho, venha cá.
O professor acompanhou-a, sem vacilar.
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:
- Traga-me esta encomenda.
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
- Perfeitamente - respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordem de buscar um peru assado, a distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo após, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reservadamente, indagou da irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos em surdina.
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.
- Não pense nisto - respondeu com sinceridade -,tive muito prazer em ser-lhe útil.
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.
Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam n'alma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Alvorada Cristã.
Ditado pelo Espírito Neio Lúcio.
Fonte

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Provas da existência de Deus

* Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?
– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.
> Para acreditar em Deus, basta ao homem lançar os olhos sobre as obras da criação. O universo existe, portanto ele tem uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e admitir que o nada pôde fazer alguma coisa.
* Que conclusão podemos tirar do sentimento intuitivo que todos os homens trazem em si mesmos da existência de Deus?
– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse sentimento se repousasse sobre o nada? É ainda uma conseqüência do princípio de que não há efeito sem causa.
* O sentimento íntimo que temos em nós da existência de Deus não seria o efeito da educação e das idéias adquiridas?
– Se fosse assim, por que vossos selvagens teriam também esse sentimento?
> Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse o produto de um ensinamento, não seria universal. Somente existiria naqueles que tivessem recebido esse ensinamento, como acontece com os conhecimentos científicos.
* Poderemos encontrar a causa primária da formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria?
– Mas, então, qual teria sido a causa dessas propriedades? Sempre é preciso uma causa primária.
> Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são elas mesmas um efeito que deve ter uma causa.
* O que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja, ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o acaso? Nada.
> A harmonia que regula as atividades do universo revela combinações e objetivos determinados e, por isso mesmo, um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente não seria mais um acaso.
* Onde é que se vê na causa primária a manifestação de uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra reconhece-se o autor.” Pois bem: olhai a obra e procurai o autor. É o orgulho que causa a incredulidade. O homem orgulhoso não admite nada acima dele; é por isso que se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!
> Julga-se o poder de uma inteligência por suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a natureza produz, a causa primária é, portanto, uma inteligência superior à humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, essa inteligência tem ela mesma uma causa e, quanto mais grandioso foro que ela realize, maior deve ser a causa primária. É essa inteligência superior que é a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome que o homem lhe queira dar. 


De O Livro dos Espíritos- Primeira Parte: As Causas Primárias - Capítulo 1 : Deus 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tranquilidade

Comece o dia na luz da Oração. O amor de Deus nunca falha. Aceite qualquer dificuldade sem discutir.
Hoje é o tempo de fazer o melhor. Trabalhe com alegria. O preguiçoso, ainda mesmo quando se mostre num pedestal de ouro maciço, é um cadáver que pensa.
Faça o bem o quanto possa. Cada criatura transita entre as próprias criações.
Valorize os minutos. Tudo volta,com exceção da hora perdida.
Aprenda a obedecer no culto das próprias obrigações. Se você não acredita na disciplina, observe um carro sem freio.
Estime a simplicidade. O luxo é o mausoléu dos que se avizinham da morte.
Perdoe sem condições. Irritar-se é o melhor processo de perder.
Use a gentileza, mas, de modo especial dentro da própria casa. Experimente atender os familiares como você trata as visitas.
Em favor de sua paz conserve fidelidade a si  mesmo. Lembre-se de que, no dia do Calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo, solitário e vencido, era a causa de Deus.

André Luiz

Livro: O Espírito de Verdade
Médium: Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 11 de maio de 2010

No Serviço Assistencial

Desista de brandir o açoite da condenação sobre aspectos da vida alheia.
Esqueça o azedume da ingratidão em defesa da própria paz.
Não pretenda refazer radicalmente a experiência do próximo a pretexto d auxiliá-lo.
Remova as condições de vida e os objetos de uso pessoal, capazes de ambientar a humilhação indireta.
Evite categorizar os menos felizes à conta de proscritos à fatalidade do sofrimento.
Não espere entendimento e ponderação do estômago vazio.
Aceite d boamente os pequeninos favores com que alguém procure retribuir-lhe os sinais de fraternidade  as lembranças singelas.
Seja prodígio em atenções para com o amigo em prova maior que a sua, desfazendo aparentes barreiras que possam surgir entre ele e você.
Conserve inváriavel clima de confiança e alegria ao contato dos companheiros.
Não recuse doar afeto, comunicabilidade e doçura, na certeza de que a violência é inconciliável com a  bênção da simpatia.
Sustente pontualidade em seus comprossimos e jamais demonstre impaciência ou irritação.
Dispense intermediários nas tarefas mais simples e, cumpra o que prometer.
Mantenha uniformidade d gentileza em qualquer parte, com todas as criaturas.
Recorde que o auxílio inclui bondade e humildade, lanheza e solidariedade para ser não somente alegria e reconforto naquele que dá e naquele que receber, mas também, segurança e felicidade na senda d todos.

-> André Luiz / Da obra 'Ideal Espírita'- Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lição de Vida

Sua vida foi longa, 92 dedicados ao amor. Ele costumava dizer que amar d verdade é não esperar ser amado... Quem esteve perto dele algum dia pôde sentir sua grandeza espiritual. Leia esta sua linda mensagem cheia de sabedoria.

                                                          ***
Que Deus não permita que eu perca o Romantismo, mesmo eu sabendo que as rosas não falam.

Que eu não perca o Otimismo, mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre.

Que eu não perca A vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em mitos momentos dolorosa.

Que eu não perca A vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, elas acabam indo embora de nossas vidas...

Que eu não perca A vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda.

Que eu não perca o Equilíbrio, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que u caia.

Que eu não perca A vontade de amar, mesmo sabendo que a pessoa que mais amo, pode não sentir o mesmo sentimento por mim...

Que eu não perca A luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo, escurecerão meus olhos.

Que eu não perca A garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigosos.


Que eu não perca A razão, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas.

Que eu não perca O sentimento de justiça, mesmo sabendo que o prejudicado pode ser eu.

Que eu não perca O meu forte abraço, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos.

Que eu não perca A beleza e alegria de viver, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma.

Que eu não perca O amor por minha família, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia.

Que eu não perca A vontade de doar este enorme amor, que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até mesmo rejeitado.

Que eu não perca A vontade de ser grande, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...

Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente, que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois...
A vida é construída nos sonhos e concretizada no amor!!

Amorosamente
Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Alma também

Casas de saúde espalham-se em todas as direções com o objetivo de sanar as moléstias do corpo e não faltam enfermos que lhes ocupem as dependências.
Entretanto, as doenças da alma, não menos complexas, escapam aos exames habituais de laboratório e, por isso, ficam em nós, requisitando a medicação, aplicável apenas por nós mesmos.
Estimamos a imunização na patologia do corpo.
Será ela menos importante nos achaques do espírito?
Surpreendemos determinada verruga e recorremos, de imediato, à cirurgia plástica, frustrando calamidades orgânicas de extensão imprevisível.
Reconhecendo uma tendência menos feliz em nós próprios é preciso ponderar igualmente que o capricho de hoje não extirpado será hábito vicioso amanhã e talvez criminalidade em futuro breve.
Esmeramo-nos por livrar-nos da neurastenia capaz de esgotar-nos as forças.
Tratemos também de nossa afeição temperamental para que a impulsividade não nos induza à ira fulminatória.
Tonificamos o coração, corrigindo a pressão arterial ou ampliando os recursos das coronárias a fim de melhorar o padrão de longevidade. Apuremos, de igual modo, o sentimento para que emoções desregradas não nos precipitem nos desvãos passionais em que se aniquilam tantas vidas preciosas.
Requintamo-nos, como é justo, em assistência dentária na proteção indispensável.
Empenhemo-nos de semelhante maneira, na triagem do verbo para que a nossa palavra não se faça azorrague de sombra.
Defendemos o aparelho ocular contra a catarata e o glaucoma. Purifiquemos igualmente o modo de ver. Preservamos o engenho auditivo contra a surdez.
No mesmo passo, eduquemos o ouvido para que aprendamos a escutar ajudando.
A Doutrina Espírita é instituto de redenção do ser para a vida triunfante. A morte não existe.
Somos criaturas eternas. Se o corpo, em verdade, não prescinde de remédio, a alma também. 

->André Luiz